quarta-feira, julho 26, 2006

"A chuva engorda o barro e dá de beber aos mortos."

Começo a acreditar.
Acreditar é estranho quando nunca se acreditou em nada.
Mas não acredito assim com essa fé forçada e vomitada, nem sei mesmo se acredito.
Acho que não acredito mesmo.
Não acredito em você, pássaro de asas roubadas, não acredito no jornal, nem tão pouco no Drummond:
"Figurinha esquisita essa aí, não!? Menina que não sabe sorrir e dorme pelos cantos...", diria ele.
Mas pouco importa agora quem quebrou o vaso, quem sujou o tapete ou quem disse eu te amo primeiro.
"Alguém disse eu te amo?"
Como diria o Cheisquesper, muito barulho por nada!!!
Passa.
Vaza.
Escapa de mim.
...

terça-feira, julho 25, 2006

PORQUE DOEU UM BOCADO...




















A Fé Solúvel
O Teatro Mágico
Composição: Fernando Anitelli


É, me esqueci da luz da cozinha acesa
de fechar a geladeira
De limpar os pés,
Me esqueci Jesus!
De anotar os recados
Todas janelas abertas,
onde eu guardei a fé... em nós
Meu café em pó solúvel
Minha fé deu nó
Minha fé em pó solúvel
É... meu computador
Apagou minha memória
Meus textos da madrugada
Tudo o que eu já salvei
E o tanto que eu vou salvar
Das conversas sem pressa
Das mais bonitas mentiras
Hoje eu não vivo só... em paz
Hoje eu vivo em paz sozinho
Muitos passarão
Outros tantos passarinho
Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor
Um favor... por favor
A razão é como uma equação
De matemática... tira a prática
De sermos... um pouco mais de nós!
Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor
Um favor... por favor

"Every time I see you falling
I get down on my knees and pray
I'm waiting for that final moment
You'll say the words that I can't say"











HOJE EU NÃO VIVO SÓ EM PAZ!

domingo, julho 09, 2006

.comida pra rato.

O Frio Especial


O frio especial das manhãs de viagem,
A angústia da partida, carnal no arrepanhar
Que vai do coração à pele,
Que chora virtualmente embora alegre.


Álvaro de Campos

segunda-feira, julho 03, 2006

Colheita

Cores turvas no espelho,
a colheita dos meses frios,
e o amor que tarda e vinga cortando os dedos.
Pensas mesmo que termina em febre sem chaga essa doença que nos consome?
Suores noturnos: insone a tentar ressuscitar-me,
e dispensas o doutor louco em fúria
que sabe da temperança e da tormenta que nos comove,
e bem sei que comeu com mel minha petulância.
E eu escapo de ti com lágrimas entre os vícios tortos;
minha salmoura contra a dor de nunca poder (querer) voltar,
e era tudo por você até você não mais precisar (sangrar).
Conhece o édito e a perdição,
cada espada e cada lençol,
a solidão agora é hino queimado entre seus beijos que só me diziam adeus...
Segues pelos campos cinzas,
e deixastes cair um pincel, um tempo, um sol,
deixou cair qualquer vestígio de vida que depois das onze fosse me buscar,
mas não, não volta e não fere mais,
economiza os passos...
Faz retalhos nos olhos,
esquece as feridas que o vento secar,
já que dessa vez minha lágrima e saliva não vão bastar.
Cores claras na memória,
lembrar é tão doce que em demasia leva ao desgaste e ao hábito pedante,
por isso me esqueço tanto quando me lembro,
o mundo metade é lembrança e a outra metade invenção,
ninguém vive o que pensa,
e se lembra pensa apenas o que sente: condição!
Amar: ação gritante da danação,
eu e você,
num inferno tão nosso,
que como nossa harmonia
também vão nos cobrar...

Amanda Cristina Carvalho
3/7/06.