quinta-feira, junho 28, 2007

Nunca gostei tanto de festa junina.

"Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada..."

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, junho 20, 2007

Confessional

"Amar, amei. Não sei se fui amado,
pois declarei amor a quem odiara
e a quem amei jamais mostrei a cara,
de medo de me ver posto de lado.
Ainda odeio quem me tem odiado:
devolvo agora aquilo que declara.
Mas quem amei não volta, e a dor não sara.
Não sobra nem a crença no passado.
Palavra voa, escrito permanece,
garante o adágio vindo do latim.
Escrito é que nem ódio, só envelhece.
Se serve de consolo, seja assim:
Amor nunca se esquece, é que nem prece.
Tomara, pois, que alguém reze por mim…"
( Glauco Matoso)

terça-feira, junho 19, 2007

pois é!


"Ainda que dentro de mim as águas apodreçam e se encham de lama e ventos ocasionais depositem peixes mortos pelas margens e todos os avisos se façam presentes nas asas das borboletas e nas folhas dos plátanos que devem estar perdendo folhas lá bem ao sul e ainda que você me sacuda e diga que me ama e que precisa de mim: ainda assim não sentirei o cheiro podre das águas e meus pés não se sujarão na lama e meus olhos não verão as carcaças entreabertas em vermes nas margens, ainda assim eu matarei as borboletas e cuspirei nas folhas amareladas dos plátanos e afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem me comove e que sua precisão de mim não passa de fome e que você me devoraria como eu devoraria você... ah se ousássemos."


(Caio Fernando Abreu)

sábado, junho 16, 2007

Saudades.




"(...) e depois que você partiu o mel da vida apodreceu na minha boca (...)."

(Tom Zé)

sexta-feira, junho 15, 2007

Bah!


"Não sei porque eu tô tão feliz
Não há motivo algum pra ter tanta felicidade
Não sei o que que foi que eu fiz
Se eu fui perdendo o senso de realidade
Um sentimento indefinido
Foi me tomando ao cair da tarde
Infelizmente era felicidade
Claro que é muito gostoso
Claro que eu não acredito
Felicidade assim sem mais nem menos é muito esquisito
Não sei porque eu tô tão feliz
Preciso refletir um pouco e sair do barato
Não posso continuar assim feliz
Como se fosse um sentimento inato
Sem ter o menor motivo
Sem uma razão de fato
Ser feliz assim é meio chato
E as coisas nem vão muito bem
Perdi o dinheiro que eu tinha guardado
E pra completar depois disso
Eu fui despedido e estou desempregado
Amor que sempre foi meu forte
Não tenho tido muita sorte
Estou sozinho, sem saída, sem dinheiro e sem comida
E feliz da vida!!!
Não sei porque eu tô tão feliz
Vai ver que é pra esconder no fundo uma infelicidade
Pensei que fosse por aí, fiz todas terapias que tem na cidade
A conclusão veio depressa e sem nenhuma novidade
O meu problema era felicidade
Não fiquei desesperado, não, fui até bem razoável
Felicidade quando é no começo ainda é controlável
Não sei o que foi que eu fiz
Pra merecer estar radiante de felicidade
Mais fácil ver o que não fiz
Fiz muito pouca aqui pra minha idade
Não me dediquei a nada
Tudo eu fiz pela metade, porque então tanta felicidade
E dizem que eu só penso em mim, que sou muito centrado
Que eu sou egoísta
Tem gente que põe meus defeitos em ordem alfabética
E faz uma lista
Por isso não se justifica tanto privilégio de felicidade
Independente dos deslizes dentre todos os felizes
Sou o mais feliz
Não sei porque eu tô tão feliz
E já nem sei se é necessário ter um bom motivo
A busca de uma razão me deu dor de cabeça,
acabou comigo
Enfim, eu já tentei de tudo, enfim eu quis ser conseqüente
Mas desisti, vou ser feliz pra sempre
Peço a todos com licença, vamos liberar o pedaço
Felicidade assim desse tamanho
Só com muito espaço! "
(Luiz Tatit)

quarta-feira, junho 06, 2007

"Tá fazendo frio nesse lugar, onde eu já não caibo mais... já não caibo em mim."


"Arrumo a mala. Guardo as meias.

Lembro que gostava dessa meia vermelha, e sorrio lembrando de quando nossos pés se perdiam...

E o Chico tem mesmo razão, confundir as nossas pernas, não me deixou mais ir para muito longe.

Guardo seu sorriso no cantinho junto dos cintos e sinto muito, por sentir tanto assim e não saber até hoje como te deixar...
Já fechei a janela, já disfarcei seus traços do meu rosto com o pó de arroz.

É a hora da partida, meu amor..."


Amanda Cristina.


sexta-feira, junho 01, 2007

tão menina


"Ela cresceu ouvindo certas coisas
Mas acabou vivendo uma outra história
Enquanto tinha tempo, acreditava
Enquanto acreditava, via o tempo indo embora
Permaneceu meio complicada
Na medida que a vida vinha e atropelava
Carregou todos os seus sonhos como pôde
Até assistir, um por um, desmoronados
Carregou todos os seus sonhos como pôde
Até assistir, um por um, desmoronados
Não vai mais amanhecer
Pelas esquinas o medo sussurra
Não vai mais amanhecer
Entre seringas e guardanapos
Não vai mais amanhecer
Sem dono, ganhou a noite
Sem dono, ganhou a noite
E era tão menina,
E era tão menina,
Era tão menina,
Era tão menina...
Entre um desalento e um suicídio
Ela preferiu o gozo de um pesadelo
Suas lágrimas que nunca brotaram
Inundam sua alma, inundam sua alma
Suas lágrimas que nunca brotaram
Inundam sua alma, inundam sua alma
Ressecam o espírito, paralisam o corpo
Regelam seu rosto, regelam seu rosto
Ressecam o espírito, paralisam o corpo
Regelam seu rosto, regelam seu rosto
Não vai mais amanhecer
Entre algemas e corações abandonados
Não vai mais amanhecer
Sua bandeira virou um alvo
Não vai mais amanhecer
Sem dono, ganhou a noite
Sem dono, ganhou a noite
E era tão menina
E era tão menina
Era tão menina…
Ela era tão menina
tão menina
Ela era tão menina
tão menina
Ela era tão menina
tão menina"
(Lobão)