quarta-feira, agosto 29, 2007

tempo pra ser o tempo...


"É para você que escrevo, hipócrita. Para você - sou eu que te sacudo os ombros e grito verdades nos ouvidos, no último momento. Me jogo aos teus pés inteiramente grata: bofetada de estalo, decolagem lancineante, baque de fuzil. É só para você e que letra tán hermosa -Exaltação - Império Sentido na Avenida - Carnaval da síncope. Pratos limpos atirados para o ar. Circo instantâneo, pano rápido mas exato descendo sobre a sua cabeleira de um só golpe de carícia, e o teu espanto!"


(Ana C.)

sexta-feira, agosto 24, 2007

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!


" Tenho medo de todos vocês. Tenho medo do choque da sensação que salta sobre mim porque não posso lidar com ela como vocês - não posso fazer um momento fundir-se no outro. Para mim são todos violentos; todos apartados; e se eu cair ao impacto do salto do momento, vocês estarão sobre mim, fazendo-me em pedaços. Não tenho um fim em vista. Não sei como correr de minuto a minuto, hora a hora, dissolvendo-os por uma força natural até que formem a massa inteira e indivisível que vocês chamam vida. Porque vocês têm um fim em vista - é uma pessoa ao lado de quem sentar, é uma idéia, é a beleza? Não sei - seus dias e horas passam assim como a ramaria de árvores e o macio verde da floresta para um cão disparando atrás de um faro. Mas não há um só odor, um só corpo que eu possa seguir..."


(Virginia Woolf)

terça-feira, agosto 21, 2007

"É necessário deixar a Bovary sentir o bafo matinal da rotina."


Estou engolindo este silêncio com essa coca-cola sem gás.
Porque tentar arrumar as coisas nunca foi meu forte.
Não tenho visto muita graça nos dias, a tal da semana de História não conta novas histórias pra quem não a conhece.
Há quem diga que o amargo vem de mim, não das cores entre as pessoas.
Eu fui tola como sempre acabo sendo quando me encanto, e vai lá saber o porquê eu pensei que escrever pra ele iria mudar alguma coisa.
E de repente, eu que era tão austera fiquei assim esperando pequenos milagres, esperando a reprise daquele filme que eu vi nos olhos dele.
Se eu estava liricamente fodida, agora eu estou desgraçadamente confusa, e lírica, querendo ser indiferente.
Não é da minha natureza pedir qualquer coisa seja pra quem for.
Eu só não queria deixar tudo se perder assim, como se nunca tivesse brilhado, como se essa luz ainda não fizesse sombra aqui.
Não sei bem o porquê, mas sinto que ele não vai me responder.
E não há nada de novo em não significar nada para semi-conhecidos, e não comove nem mesmo dizer que queria que dessa vez fosse diferente...
São inevitáveis também os pensamentos típicos: “o que será que falta em mim?”, “ será que foi algo que eu disse?” , “por que me importo tanto?”...
Não estou reclamando também não...
Deve ser muito chato ser inatingível, não ter ninguém que te faça sentir absolutamente dispensável...
Eu não sou de pedir nada, e não vou pedir nada a ele também.
Não há raiva, não há o que dizer.
Nem todo mundo quer ser entendido, não é mesmo?
E ele não tem obrigação alguma de me explicar nada.
É, eu não entendi porra nenhuma do que houve, talvez eu quisesse qualquer tipo de resposta... Mas é somente o que eu queria e eu sei somente querer.
Hora ou outra eu esqueço, só não vou fingir que não está doendo e que não significa nada porque eu não sei dissimular e nem quero, a vida já é tão escassa de sentidos pra ficarmos fazendo “tipo”, a vida já tem tão pouco espaço pra quem sente que eu não vou poupar o meu...
Isso tudo aqui é meu, e não vou incomodar ninguém com as minhas impressões, ninguém (nem ele) precisa ouvir a minha história...
É uma pena, de fato.
Cada vez eu vejo menos sentido em me expor assim, cada vez se torna mais perigoso olhar alguém nos olhos, cada vez mais arriscado se deixar beijar...
Porém, eu prefiro morrer acreditando que a graça da vida é o viver no outro; do que ter medo e esconder vontades tão belas quanto essa aqui de existir um pouco nele, essa que eu já vou ter que deixar pra trás...

Droga!

terça-feira, agosto 14, 2007

o.O




cerejas


podem




parecer


amargas




se você nada sabe


do solitário sabor




experimente-as


antes




quando


ainda




forem


flores






(Rodrigo Garcia Lopes)

quinta-feira, agosto 09, 2007

...se ao te conhecer dei pra sonhar, fiz tantos desvarios!


"A busca, a conquista, a posse rápida e total na ânsia de enraizar o amor, que de repente não é mais amor, é lúxuria, lúxuria que de repente não é luxuria, é farsa. Farsa que é medo, simplesmente medo da solidão, mais difícil de suportar que o peso do corpo alheio a se abater sobre o meu..."


(Lygia Fagundes Telles)

quarta-feira, agosto 08, 2007

domingo, agosto 05, 2007

=]


"Meu bem, meu bem-me-quer. Te dou meu pé, meu não... Um céu cheio de estrelas feitas com caneta bic num papel de pão..."


sexta-feira, agosto 03, 2007


"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida te enfia pela goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar um café e continuar".

(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, agosto 01, 2007

ah!




É, eu fiquei aqui a tarde toda com o pensamento lá: imóvel distração desde a última(e primeira) vez que eu te vi.
“Vá se foder... Por que diabos você tinha que me encantar tanto, se ia me deixar ir assim?”- eu disse baixinho antes de virar as costas e sair.
Rubra abaixo da cintura, e ontem eu sonhei com você e não soube como te contar.
Estive remoendo seus olhos entre os dedos, chupava sua língua e quase que te ouvi me chamar... O telefone tocou, acordei assustada. Desgraçadamente fragilizada.
Ficou um pouco da sua mão na minha perna, um pouco dos seus dedos no meu livro e dos seus olhos, porra, esses olhos ficam dançando (zombando de mim) sobre as notas desse jazz que soa (dolorido) por toda madrugada...
Você não precisa saber de nada disso.
Tô liricamente fodida por sua causa. De pernas cruzadas, os olhinhos brilhantes e sorrisinho cretino (mas tão bonitinho, ah se quisesses ver!).
Já haviam me dito que não demorava a aparecer um filho-da-puta perfeito pra revirar tudo, pra me fazer baixar a guarda, pra me calar a boca, pra me deixar sem saber o que dizer, pra que eu morresse de saudade (mesmo sem sentir)... Uma perfeição pra me colocar no meu lugar, pra quê de criança metida a sabe tudo eu voltasse ao meu posto verdadeiro de criança chorona que não sabe mais o que fazer pra chamar sua atenção, porra!
Eu tô te chamando, talvez não pareça mas eu tô chamando... Ah se eu pudesse gritar...