terça-feira, setembro 25, 2007

Protect me from what I want...


É miserável.
Essa forma eloqüente de me infernizar.
Esse inferno ácido que sou eu caminhando.
Eu não sou simpática.
Eu não sou empática quando eu não quero.
É miserável.
Todos aqueles que tocaram meu corpo são miseráveis em sua ausência.
Cansei de gente louca tentando me foder, cansei de gente burra e bela tentando me perturbar.
Eu não quero mais esses boçais onde meus olhos podem ver.
Eu não quero mais as bacantes, eu não quero mais os ardentes “marxistas”, tão sedutores em suas contradições revolucionárias e seus semblantes de “homem-feito” atrás de suas barbas cheias.
Eu preciso me livrar da beleza antes que ela me torne uma tola.
E tola eu não posso ser diante de tanta reação austera.
Não acredito mais no verde daqueles olhos.
Não acredito mais na devoção daquela menina gorda.
Não acredito mais na respiração ofegante ao meu lado no escuro do meu quarto.
Não quero mais ser alvo duma libido cretina.
Não quero mais o palhaço dos olhos escuros, não quero mais o jornalista dos olhos verdes, não quero mais a menina rechonchuda das mãos hábeis.
Renuncio ao gozo, desisto da fascinação.
E não há mais mágoa.
Me recuso.
É miserável.

sábado, setembro 22, 2007

O início do fim...



Meus limites expostos em tudo que eu amo; minha poesia me dizendo adeus em cada mão que abandona as minhas...
Eu só queria uma forma de acabar com essa farsa toda. Parar de dissimular esse vazio; parar de sentir isso de outra forma... A grande verdade da minha estúpida existência é que eu não sei fazer nada vingar... Eu não sei fazer essa engrenagem, que já surgiu enferrujada, funcionar.
Uma vida totalmente sem sentido. Eu não estou caminhando nem da forma que queriam que eu caminhasse; e estou muito distante de caminhar da forma que eu queria.
Na verdade, eu sei que eu não estou mesmo indo para lugar algum.
E que eu nem sei se existe esse lugar onde eu queria estar.
Eu não tenho concentração para ler o que eu deveria ler e nem se há ainda algo mais no que eu estudo que eu deva aprender.
As coisas na sua essência primitiva não precisam ser melhoradas, porquê, algo me diz que depois apenas se pode distorcer as coisas já apreendidas; que já eram tão completas; e que também, eu sei, nunca pediram para serem modificadas.
Assim funciona a infância... Nenhuma criança precisa ser melhorada.
Todas as crianças já sabem o que é preciso saber para viver uma vida inteira!
SE o mundo fosse feito somente de crianças tudo seria mais bonito, e talvez pudéssemos admitir a existência de alguma perfeição.
De repente eu descobri que a perfeição está no que há de inicial; está na primeira impressão de tudo. Porquê na primeira impressão não há engano.
Numa primeira impressão há dezenove anos atrás minha acreditou, vivenciou o que há de mais belo em mim, e aquilo sim, era completo, porque lá, ao nascer: eu sou eu.
Lá só importava os olhos dela e aquele ser nascido -repleto de chances- que era eu. E lá estava a matéria-prima do amor dela por mim. Porque amor é a possibilidade de perfeição mais veemente.
E essa perfeição não deveria enfraquecer-se aos poucos. Pois dessa forma o amor (semente no brotar do seu primeiro galhinho) não iria morrer assim em fases... Não iria se perder da impressão inicial que era pura, que era verdadeira... Porque não há estrago que o mundo faça que acabe com uma percepção guardada por mil dragões.
A tragédia disso tudo é a perda da vitalidade dos dragões, que –estes sim- não estão imunes ao nosso descaso ao amor; não estão a salvo da nossa arrogância e estupidez de apenas conseguir ver o que está bem diante de nós...

Amanda Cristina Carvalho

quarta-feira, setembro 19, 2007

Para abrir os olhos...


"Eu devo ir

Não há mais sentido

Nos resta se juntar

Quem sou eu

Já não importa

Nem nunca importou

O que importa é o que te quebra em duas cidades

O que importa é o que te deixa tão transfuso

O que é a dor eu não entendo

Mas sinto apertar de leve o meu peito

Nas madrugadas quando estou a navegar

Faz quarenta dias que eu estou no meu barco a vela

E não me sinto tão sozinho, eu tenho meus amigos

Que só aparecem quando eu bebo

Que só aparecem quando eu bebo

Que só aparecem quando eu não sou eu

E hoje eu não...

O que importa é o que te faz rachar as velas

O que importa é o que te faz abrir olhos de manhã

E já é de manhã

Adeus, a estrada espera. "
(Helio Flanders_ Vanguart)

segunda-feira, setembro 17, 2007

"Vocês vão apanhar que nem ladrão"- CHOQUE.


E a indignação me domina...
Madrugada duma nova semana.
Muita coisa aconteceu.
Minha cabeça está pesada com tanta coisa.
Tô com muita raiva e indignação por tudo que aconteceu lá na faculdade...
Odiando ainda mais a polícia e similares.
Odiando ainda mais a rede Globo que manipula notícias e imagens.
Tô no extremo da minha fragilidade, da minha confusão, da minha saudade, da minha solidão.
Tô com a cabeça no meio fio...
Eu tinha tanta coisa pra escrever, tentar demonstrar minha indignação e revolta com as palavras escritas, porém as minhas mensagens são silenciosas, expressas pelo meu olhar.
Hoje eu estou me sentindo melhor.
Passei quinta, sexta e sábado exaurida, tensa, aflita...
Tanta coisa ao mesmo tempo...

Eu quero gritar.
Eu preciso decidir tanta coisa, arrumar essa vida torta...
Decidir um lugar para ir, porque não quero ficar sozinha em São Paulo, esse lugar me engole aos poucos...

Sexta eu vi o Marcelo, eu estava com tanta saudade, pena que não pude conversar muito...
Mas foi tão bom vê-lo.
Foi tão lindo o show do Violeta.
A Drica do meu ladinho, o Well que ressurgiu das cinzas...
E aquela banda perfeita, tocando num lugar que já me pareceu perfeito um dia...

Bom, eu não sei mais o que escrever...

Acho que não sei mais escrever e contar minhas impressões...


Vamos continuar lutando pelo nosso direito de estudar e de termos a nossa FAFIL funcionando...



quarta-feira, setembro 05, 2007

“Não vou querer ser o dono da verdade, também tenho saudade, mas já são quatro e tal...”.


Essa semana acaba mais cedo.
E não é necessariamente bom ou ruim.
Sinto minha mente cansada, passei as duas últimas semanas preparando o trabalho do Reis, o vídeo ficou bonito, só o áudio que não colaborou, eu sou maníaca por trilhas sonoras e coloquei música em tudo.
Resumindo: A TV e o DVD não compartilharam com a minha fixação musical e só deu para ouvir as músicas.
Fiquei bastante irritada e fiz a ceninha básica dum diretor irritado, sai toda alterada da sala e fiquei um tempinho reclamando.
Depois voltei e vi que não havia mais o que fazer, fiquei lá sentada ao lado do professor fazendo comentários sobre o vídeo, tentando amenizar aquela frustrada tentativa de passar um vídeo; e também distraída com o verde dos olhos dele no escuro: nuances que só eu sei reparar...
O Reis é uma boa pessoa, por vezes fico sem saber o que dizer quando ele sorri e diz “tudo bem” em situações que eu quebraria tudo, mandaria tudo ao inferno.
Ele tem um jeito muito singular de enfrentar tudo, eu o admiro muito. Tanto que nem sei como expressar. Porque eu sou muito boa em expressar desprezo e repúdio pelas pessoas, e quando eu me encanto e admiro eu fico toda boba e sem saber o que dizer.
Porém, eu acho que ele deve saber que eu o admiro; ele não parece acreditar nessa minha pose blasé, não o tempo todo.
A apresentação foi adiada por conta de manifestos&manufaturados.
Eu estou um pouco cansada, muitos dias na frente do computador editando esse vídeo, escrevendo o trabalho escrito e tentando ler o Jorge Luis Borges que eu peguei na biblioteca semana passada.
Eu gosto muito deste senhor, gosto como quase gosto daqueles poemas de morte do Álvaro de Campos, só que eu sei que o Jorge não é de morte, ao menos não compartilha dessa morte niilista do Álvaro.
Eu ando tão distante da poesia, fazia tempo que não lia um livro de poesias.
Lembro que no colégio eu apenas lia poesias... Romances eu só lia alguns clássicos da literatura universal, e quase todos da literatura luso-brasileira.
Eu tinha um plano de que quando chegasse à faculdade eu já teria lido quase todos os clássicos universais, de Kafka a Eurípides.
Eu não li todos, e nem tenho mais tempo para isso.
Sinto-me culpada quando releio Drummond e vejo o Freyre na estante: inerte.
São tantos livros que eu TENHO que ler que me sinto mal quando leio os que eu GOSTO de ler.
Escrever então, tá cada dia mais difícil.
Acho que já superei a fase de me sentir mal por ser subjetiva e falar muito de mim mesma.
Aceito com mais paz a idéia de que nada que eu faça é tão profundo e complexo.
E ainda bem, porque não tem nada mais chato que gente “cheia de significados profundos”, nada pior que pessoa hermética...
Quem me conhece talvez se espante ao ler isso.
Mas me sinto assim, e é assim, ninguém vai ter o pensamento mirabolante que vai mudar a história dos pensamentos.
Somos todos indivíduos sociais, frutos do mesmo tempo, tudo que fizermos e pensarmos vai ser parecido, vai se encontrar em alguma parte (viva a Terezinha no meu caminho!).
A vida fica tão mais leve sem esse peso dos significados.
Acabou agosto!
Isso já me alegra um bocado.
E comecei setembro vendo a minha amiga Marina.
Muita confusão para chegar à festa, mas pela Marina eu iria até o inferno.
Festa da atriz: gente bela e louca.
Todavia, para mim as festas são todas iguais.
Fui somente para abraçar a minha amiga.
Não sei explicar o que nos faz assim. Mas amo aquela garota demais, mesmo estando perto dela tão pouco. Hoje é aniversário dela. Acontece alguma coisa mágica no céu quando é data natalícia de Marina.

Hoje acho que vou ao show dos Demônios da Garoa.
Bom, ao menos esses eram os planos, Estou sendo tomada por uma louca vontade de ficar em casa o dia todo.

Eu nem sei bem de mim...
Eu estou me sentindo bem, sem grandes perturbações.
Agosto acabou e setembro me sorriu docemente.
Porque as melhores coisas acontecem em setembro.
Bom, já escrevi demais...
E nada que seja útil.
Vou dormir...




terça-feira, setembro 04, 2007

lento...


cada palavra e cada disfarce que suas mãos despiram tão lentamente. era bonito ver minhas verdades rasgando por seus dentes. bonito mesmo! como me alegrava os olhos de te ver transformando toda a minha pose em cena de novela mexicana.

agora essa vontade de juntar a grana e comprar aquela arma.

vontade guardar você em cada tiro.

vontade de atirar sempre que eu penso que é você que vai descer do ônibus; que não é a sua linha, nem tem nosso nome riscado no vidro.

tampe meus ouvidos que eu vou atirar.


(Amanda)