segunda-feira, novembro 23, 2009

(No seu inferno eu não tomo sequer mais uma cerveja)



Pois é.


O ano vai acabar de novo, e sinto como se tivesse se passado apenas alguns meses desde que ele começou.


A melancolia é inevitável, depois de tanta coisa vivida, sonhada e destruída. Mas melancolia é aqui mesmo... Nem eu mais dou tanta importância.



Todo homem precisa de uma mulher tranqüila que não se importe em deixar de ser quem é para compartilhar com ele um lar...


Os homens se apaixonam pelas meninas loucas, vão atrás delas no seu ambiente natural, as fazem sentir admiradas por cada defeito, mentem que vão fugir com elas pra bem longe de toda essa caretice idiota, e depois acabam matando-as numa festa de família.



Eu não confio em homens.


Eles sabem como ferir, seja com as mãos, seja com palavras escritas e ditas. Os homens sabem até como matar amor que é eterno, primeiro, latente...



E o ano vai acabar de novo, todo ano acaba o ano. E todo ano acaba uma Amanda diferente... Desse ano fica esse nó na garganta, essa sensação de que muito pouco mesmo do que eu fiz teve algum sentido.



Tirar um tempo pra fazer só o que eu quis, deixando o amor me levar; cuspir na minha cara, pintar meu nariz, enfiar o dedo no meu cu, fugir de casa, matar alguns leões, plantar algumas ervas daninhas e ter um sorriso de festim. Não me arrependo de nada.


Eu não sei como me arrepender, e tudo de ruim que aconteceu, se mistura com tudo de real e bom, até onde eu fui capaz de sentir isso como bom.



Eu ainda sou apaixonante como todas as meninas loucas.


Pena que já não sei mais amar e dar á euforia o sentido da minha existência.


Minha existência era apenas sentir. Nunca foi esse lamento, essa sensação de coisa morta, de ferida que não cessa, de coração vazio que não quer mais ver o mundo enquanto o meu céu ainda for esse.



(No seu inferno eu não tomo sequer mais uma cerveja).



É fim de ano, e quando dá uma saudade de tudo que era próximo, afável...


É quando a solidão aperta e pra todo mundo que eu olho fica só uma vontade de me esconder, de chorar e de ir embora sem dizer nada.


É fim de ano, e ninguém pode fazer nada por ninguém, o ano vai acabar e o que não foi feito, não mais se fará.



É tempo de se esforçar, aceitando que é em vão. São muitas marcas em evidência, nem mesmo a maquiagem nos disfarça de nós mesmos.



Pra quem conhece e já me viu chorar, todos sabem que minha rima era o amor, e há também que ache que ele justifica tudo. Pra mim ele só legitima o desvario, que é fuga e que morre também.


O amor morre antes da gente morrer...


Antes do ano acabar... E acaba com a gente.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Quantos anos dura um engano?

Abracei o travesseiro e chorei um pouco.
Sei que não vou dormir. Me faz alguma falta ter um amigo pra ligar desesperada de madrugada, mas eu não me desespero mais e nem sei se ainda tenho amigos insones como eu.
Quantos anos dura um engano?
Com quantas lágrimas se enche um rio que nos carregue pra bem longe?
Minha mãe sempre me alertou quanto ao tempo, eu nunca tive noção dele, conto o tempo pelos anos em que meu pai faleceu. Contava, agora nem isso.
O meu tempo é minha insanidade me contorcendo em tempo perdido.
Se fosse só o tempo...
Essa juventude que me distraí, me exaure sem matar, sem parar o coração, sem me ensinar nada que eu não erre de novo em poucos dias.
Na verdade eu só estou contrariando a mim mesma, correndo em círculos por não acreditar em mais nada. Por não querer mais nada. Por só sonhar com o que é morto.
Meu quarto está uma bagunça, tudo fora de seu lugar. A vida toda no mesmo rumo.
Idiotice minha deixar tudo ficar assim, não falo só do quarto, mas de todo o resto porque se alguém vai ter que arrumar tudo sou eu mesma e sozinha.
Não fujo de mais nada e não vejo nada no meu horizonte.
Eu tinha um gato, o Joaquim, que saudade que me dá.
Eu tenho andado muito só e já não tenho certeza do que digo, se sinto, se calo, se nego, se peco, se erro e se erro mais um pouco.
Não sei como cheguei nesse ponto.
Eu li em algum lugar que a felicidade exige tristeza.
E a tristeza exige o que?
Nossa vida toda? Em que parte vem a felicidade? Nunca vi.
Cansada de usar a droga da vida e ser usada como droga por ela.
Ambas não suportamos a badtrip.
O Abujamra acabou de citar uma frase: “O amor é a morte de qualquer alma...”.
E o que a gente faz sem a alma?



Alguém sabe me dizer quantos anos dura um engano?

domingo, setembro 13, 2009

a menina dos olhos da cor dos cabelos


"Todo meu pecado só consiste em ter
Tentado me encontrar em meio a teu semblante
Crendo que a vida é como um circo
Num surto de alegria prestes a se apresentar


Já não lembro o que fui antes de você
Sei, acreditava em verdades
Tudo era simplesmente verdade
Tudo era assim


O certo agora é o que eu não posso ver
Medir teu gesto sem vestir teus olhos
Correr meus pensamentos sem te interromper
Pinçar os meus caminhos sem te ter em foco


Eu quero, mas não quero
Estar no seu mundo
E ter aos meus pés incertezas
E minhas contradições


Eu busco um alento, um minuto
Que ainda não apareceu
Pela janela te vejo em detalhes à meia-luz
Eu desenho um poema ao tentar lembrar de ti
E o meu desejo é meu


Perdido em detalhes de cores e beijos
Pronto pra me arrepender
Por viver nesse minuto
Que eu queria o tempo inteiro"


(velhos e usados)

quinta-feira, agosto 27, 2009

"your ex-lover is dead"


Diversas vezes, no quarto de livros tranqüilo da minha mente, eu fico divagando sobre a minha tumultuada espiritualidade.
Nessa noite de cara limpa eu consigo respirar como há meses não respirava. Sinto só o vento, e ele me dá o frio que eu preciso pra me curar desse estado febril de um corpo cansado, de marcas tão desgraçadamente significativas quanto se tivesse um verso de Bandeira tatuado nas costas.
“Quando a cabeça não pensa o corpo paga o pecado”?
Que nada, isso é rima de música sertaneja...
O corpo não paga pelos pecados. A cabeça que paga caro, acumula juros em desvario.
Mas nessa noite eu consigo ver a sorte que eu ainda tenho.
Consigo pular corda na minha imaginação que não está focada em nada. Que não se importa com mais nada que eu já tenha imaginado.
Imaginemos o horizonte tão somente. Consegue?
Fechar os olhos sem exigir nada dos sonhos.
Abrir o zíper sem imaginar o som os dedos estalando...
Fechar a cara e não usar do humour com tramas clichês.

Eu não uso verbos como o “ser”. Um palavrão na hora certa me liberta.
A minha violência é quase laica.
Eu é que insisto em arreganhar muito os olhos pra ver o que não existe.

Agora basta.

segunda-feira, agosto 17, 2009

NADA MAIS VAI ME FERIR...

Hoje eu sei que boa parte dos meus sonhos nunca seriam reais, ainda bem que os reciclei antes do fim... Do fim da minha juventude, dos meus dias fortes, ainda que melancólicos.
Nunca fiz maldade gratuita, nunca ousei machucar ninguém por vontade, por vingança.
Não acredito em vingança e minha arrogância não tem qualquer ligação com violência.
Ainda não consegui nada de meu, sinto um desconforto imenso nesses meus dias. É tanta solidão e eu gosto dela, por isso não vou sair daqui pra ser machucada.
Ontem sentei na praça e fiquei vendo as crianças brincando, lembrei de quando meu pai me levava pra brincar naquela mesma praça.
Meu pai me faz muita falta, ter um homem por mim me faz muita falta, e nem é daquelas faltas que eu comento, é daquelas faltas que eu sinto.
Eu não vou mais insistir, e pela primeira vez eu estou falando sério, não vai mais ter filho da puta nenhum pra me dizer que eu sou aquilo que eu não sou.
Se essa merda toda é culpa minha, não será mais. Grandes histórias exigem longos fins, eu não sabia. Não sabia de muita coisa, que agora eu sei, e que nem queria ter ficado sabendo.
To juntando os MEUS pedaços, porque eles são apenas meus.
Morre uma, nasce qualquer coisa que se sabe digna e sincera. Sempre sincera.

quarta-feira, agosto 05, 2009

I know it's over...


Minha cabeça dói há quatro dias sem dar trégua.
Não há consolo pra quem foi traído, pra quem se envergonhou da existência e sentiu o gosto podre da humilhação descer garganta a baixo.
Te desejar o mal? Como se fosse possível.
Se ao menos eu fosse capaz de desejar alguma coisa, desejaria um pouco de orgulho e perseverança pra não cair mais em ardis que meu coração cria e a sua maldade gerencia. Ou desejaria que alguma espécie de raio caísse sobre a sua cabeça, mudasse você por completo e te transformasse numa pessoa melhor, menos vil, menos mentirosa e que voltasse pra me buscar...
O que mais dois é a seqüência dos fatos, as palavras que saem com um esplendor que tornam o mal exato em sua intenção.
O que mais dói é ver que o amor da gente não implica em nada nas coisas ruins que vão nos acontecer.

São tantas coisas que doem e o problema não é nem a dor em si, viver em dor é hábito antigo, eu sou forte e nem tomo analgésicos, o problema é ver a vida como ficou, o desfecho da história, ver que o amor só existia em mim e que se alguém ainda vai lembrar e enlouquecer sou eu, essa história era a minha.

(Sou inconstante, inconseqüente, costumo dizer que estou no mundo a passeio, não sei porquê eu vivo assim e encaro as coisas assim, eu sou resistente, coração aberto que rejuvenesce a cada dia ao invés de envelhecer, sou sem muita noção de dignidade e de sentimentos imensuráveis. Nunca ouvi a razão e aproveitei a emoção como um especialista. Ninguém nunca ditou meu tempo e meus verbos. Não me arrependo de nada).

Agora o que mais falta acontecer? Onde mais vou cair de boca no chão e ver você gritar comigo por ter perdido o equilíbrio sendo que foi você quem me empurrou?

Não vai acontecer mais nada até eu ressurgir dessa poeira que ficou dos meus sentidos, da minha alegria. Eu fechei o portão do meu mundo pra você, e confesso que estou com os dedos presos, eu grito de dor, mas aqui do outro lado, porque você não precisa e nem quero que me ouça mais. Talvez ampute o braço e consiga enfim as minhas asas.
Tenho que manter o portão fechado e esperar a mágoa passar, dissolvendo assim todo o meu amor vilipendiado pela sua estupidez.

Nada me consola mais.

terça-feira, maio 26, 2009

"hoje só acredito no pulsar das minhas veias..."


É curioso, mas eu estou me sentindo estranha, um sono constante, uma calma que parece mais cansaço.
Minha mente fervilha de histórias e eu sei que ao terminar de escrevê-las não farão mais sentido.
Eu não quero falar de mim; lunática por excelência, cruzamento de estrelas decadentes... (risos).
Porra, eu não consigo mais fingir que nada aconteceu, não esqueço da minha avó, do vento lá do alto daquele cemitério sujo, das coisas que eu sequer consegui pensar, mas que agora me chegam.
Um esforço idiota pra não machucar ninguém... Uma solidão maluca como se não pertencesse a essa espécie.
Sonhei com um gato suicida que falava comigo o porquê de sua decisão, e o céu era desenhado: aquelas estrelinhas que a gente aprende a fazer quando criança.
O gato reclamava que não se lembrava da última vez em que comera peixe (e que tanto gostava!), disse não combinar com a cor do telhado de sua casa e maldisse o amor desiludido com gatas que não se envolviam emocionalmente.
O gato dizia tantas coisas malucas, falava de saudade, de como a humanidade estava sozinha, olhava pra mim triste: “a sua solidão é a do planeta”...
Difícil colocar a minha cabeça no lugar, ouvi por horas o que o gato falou e acordei quando ele disse que ia pular...
Nem sei pra onde ele foi, ou se morreu.
Senti-me culpada por acordar.
Eu me sinto culpada todos os dias ao acordar.
Cansada de provar que meus pés estão firmes em solo de decência (eles nunca estiveram em outro lugar). Se deus existisse seríamos bons amigos, ou namorados.
(Urgência é urgente e ninguém discute a urgência de ninguém, nem com poesia. É...).

quinta-feira, maio 07, 2009

"depois da grande noite vai esconder a cor das flores e mostrar a dor..."


Nunca mais aqueles sapatos vermelhos de salto-alto, nunca mais o casaco de plumas negras em noites que ainda não eram de inverno.
No peito saudade acumulada em forma de flores de papel crepom.
As formas todas desiguais com a saliva da solidão que tudo contamina. Nossos sonhos e nossas escolhas não têm o mesmo valor.
Os versos e as palavras se contorcem na sala fria da sua vergonha em viver. Pulando ondas numa praia nunca antes vista. Sentindo o mesmo vento que ainda sim parece estrangeiro, parece indiferente ao embaraçar os meus cabelos.
O espírito vazio, dos sentidos inertes, das febres que ninguém notou, das noites que ninguém me viu.
Alegria que só se fez em euforia, até ai parte da história, até ai é da cor dos bordados do seu tempo.
Sei tão pouco do legado da humanidade, sei que sempre houve a morte e havendo morte foi forçada a vida; e dessa vida ouvia dizer que o que fazia sentido era o amor e demais demências contagiosas.
Tantas putas em tantas esquinas, os assassinos nas mesas dos bares, tanta coisa adiada sem aviso prévio. Tantos avisos sem cartazes... Dá pra ver tevê sem som. Dá pra arrumar a cama só quando se trocar os lençóis.
Eu nunca precisei de salvação, mas admirei sim as simbologias mais espirituais nas miragens cósmicas que apenas eu vi... Todo um encanto que hoje é piada na boca de quem sequer sabe contar piadas.
Talvez todo esse meu lixo particular (guardou o seu num lugar bem afastado?) não tenha mesmo chance de reciclagem por qualquer afeto espontâneo como conversas em pontos de ônibus.
Nunca reclamei de sentir dor (hematomas sem passado); nunca precisei colocar o dedo em riste pra impor pensamentos inofensivos. A minha humildade floresce da culpa que eu nunca amenizei.
Um trem lento me leva, trilhos novos, portas quebradas... É tão devagar e me lembra que eu não sei mentir e que isso ainda vai me empurrar pro matagal que me cerca.
Pode tudo vazar, extravagar em descompasso o que já foi decisão.
O destino foi vilipendiado e não há parada de repouso de mais de três horas, o tempo uiva e nos apodrece.
Nunca gostei de me explicar, as minhas verdades expostas se fazem em voz baixa (no rosto feito de sorriso, na mão que abriga o rosto).
Há um tédio e um desconforto digno dessa existência humana, dessa humanidade relapsa e mesquinha, e os ínfimos impulsos idiotas nos casam com a decadência. Eu aprecio as angústias mais sangrentas (acontece, por vezes: sangra por trás das minhas unhas e acordo com pardais mortos embaixo do meu travesseiro).
Enredo de samba novo não pode ser amor, os pés não dançam e a dignidade não adormece.
(Nunca mais aquele ar de filme nacional antigo: sensação telúrica de sentir-se real).
Pouca percepção, bolhas nos dedos pra tentar um contorno mais vívido, pus branco saindo dos olhos... Cheiro de corpo que apanhou: palavrão de boca que se diz sacra.
Daqui eu sei, o inferno tem as mesmas cores que o meu amor.
Eu quero desenhar uma borboleta morrendo.




sábado, fevereiro 07, 2009

tudo que ressalta quer me ver chorar.

Eu sou uma boca aberta. Estranho começar um post assim? Hum. Que seja!
Faço
a mexicana
sempre que posso, choro no ônibus, conto minha vida pra desconhecidos quando estou alcoolizada e quando estou muito triste desabo e vomito minhas crises em cima de quem parar pra ouvir.
Eu falo demais.
Não sempre, mas não consigo guardar minha dor as vezes, e o bom disso tudo, é que nunca me importo com o que disse em excesso, porque no fim das contas, também não é exatamente aquilo que queria dizer.Talvez por essa razão escreva, porque fora a verborragia que me dá, sobra muito que não sei dizer, que contradiz tudo que eu tenha dito.
Bom, depois de me justificar, eu quero vomitar em frases soltas o que me assola.
Afinal esse blog é meu e entra quem quiser...
Eu ando colecionando alguns complexos que não são meus, estou mais confusa que alerta e isso ainda vai me foder pelos olhos.
Talvez viver doesse menos se eu não amasse tanto a minha mãe, se eu não fosse uma cópia moderninha da mesma, se eu pudesse rir e chorar com ela sem ser no último caso; talvez a chuva caindo no meu rosto fosse refocilante de novo. Talvez não comeria mais apenas pra tentar amenizar o peso das horas com batatas fritas engorduradas do restaurante frente ao trabalho quase tão gorduroso e patético quanto as batatas.
Talvez se meu irmão me ligasse, se eu parasse de fingir que o olhar do meu tio não é ainda um dos lugares mais lindos do universo.
Talvez a vida pesasse menos se enfim alguma boa intenção minha voltasse como brisa amiga, talvez se eu não fosse tão nobre com os porcos, como disse certa vez aquela garota que presenteei com o Neruda (e que nunca leu).
Talvez se o amor fosse mais troca e menos empréstimo... Se eu não tivesse esse modo tão medieval de amor... Se eu parasse de colorir as asas dele já que parece que ele não tem a mínima vontade de voar.
Uísque e tristeza é uma péssima combinação e não me deixa dormir o que é mais trágico.
Acordei hoje de manhã, duas horas antes do horário, haviam muitas formigas andando pelo teto; quando criança quase morri por conta delas, e tenho certeza que estas que lá no teto caminham estão tramando a minha morte.
Eu preciso comprar uns livros e nunca sobra dinheiro, ou esqueço.
Hoje sentou uma mulher do meu lado no ônibus, ela chorava tanto, falava no celular, havia acontecido algo com sua mãe. Ao notar que ela desligou o celular peguei em sua mão e disse que ficaria tudo bem. Ela me olhou surpresa, afinal as pessoas não costumam se preocupar com as lágrimas de terceiros.
Perguntei o que havia acontecido, ela soluçando disse que a mãe havia caído quando foi abrir a porta pra ela, disse que a mãe bateu a cabeça e que se sentia culpada pois o acidente aconteceu por uma solicitação dela.
Eu disse que as coisas acontecem e acidentes não costumam ter personagens pré-determinados (uma vez tendo, não seria mais acidente).
Eu perguntei se a mãe dela estava consciente, ela disse que sim, que já estava em casa e que o médico até havia a liberado para ir à formatura da filha mais nova. Então eu disse a ela que ficasse calma e que buscasse esquecer esse episódio, pois só iria piorar se ela ficasse triste durante a formatura. Disse também que buscasse distrair a mãe falando de outras coisas e que guardasse o susto e a culpa inevitável (mesmo que inexistente) somente dentro do coração, pra chorar depois, quando fosse dormir, disse a ela que antes de dormir tudo é permitido, até mesmo tramar assassinatos, ela riu.
Todos no ônibus ficaram prestando atenção na conversa, sei que peguei em sua mão desejei força, recomendei que se divertisse na formatura, que tirasse bastante foto sorrindo ao lado de sua mãe, ela me agradeceu, perguntou meu nome e mandou-me seguir com deus, sorri, desci no terminal e ela seguiu rumo ao Jabaquara.
Curioso, como palavras simples às vezes fazem bem, é curioso também como faz bem o simples ato de tentar fazer o bem. Sem demagogias, por favor.
Ao subir a rua pra chegar à casa um temporal de filme de terror me pegou no caminho: vento, e neblina, e árvores parecendo que iam quebrar, e eu toda encharcada, chorando na chuva, e raios e medo, medo, medo... Mas não temi tanto a chuva estando sobre o controle dela, quanto temo a chuva quando estou no meu quarto.
Pensei se um raio me atingisse poderia morrer, ou ganhar poderes sobrenaturais: sofista ou niilista num dia como o de hoje desejei a primeira hipótese.
Mas há de ser somente um vento ruim, meu anjo brigando com o da minha mãe por alguma tolice de anjos...
Ah...
“Eu ando pelo mundo divertindo gente, chorando ao telefone...”
, o mesmo número, a mesma voz, (salva-me meu amor!).
Amor não salva ninguém. Amor é pedra rara mal lapidada que se joga pra cima e volta na testa.
Se limpa o sangue e continua garimpando no asfalto cinza, em descompasso.
(Com o tempo se esquece o que se procura, e pior, fica a dúvida se existe mesmo o que se busca).

terça-feira, janeiro 06, 2009

felicidade mora aqui comigo até segunda ordem.


Coisa complicada é escrever sobre felicidade, pra quem me conhece fica fácil de ver, não preciso dizer muita coisa.
Tão bom segurar as mãos e melhor! Sentir de novo a segurança em segurar as mãos.
Tenho estado cansada: trabalho meio besta e horários desumanos.
Mas, meus caros, nada pode definir a alegria que eu sinto em ter o domínio sobre a minha vida, pelo menos parcial, e nada pode ser melhor do que ter ao meu lado aquele que sempre amei.
Dá medo sim, daqueles de levar ao auge do desespero seguido dum riso maluco de euforia. No entanto, meus poros exalam o amor de novo, o sorriso volta ao meu rosto sonolento e os fins de tarde são de novo transcendentes e coloridos.
Deixei os cachinhos caírem sobre meus ombros e o rosto limpo tem a expressão exata de quem está exatamente onde queria estar...
Esse ano começou da forma mais sensacional, e não porque era noite de ano novo, mas porque estávamos juntos e definitivamente não podemos nos perder nunca mais.
Pois é, eu não sei escrever sobre felicidade, fico por aqui.
E sim, eu estou muito feliz!