sexta-feira, setembro 18, 2009

Quantos anos dura um engano?

Abracei o travesseiro e chorei um pouco.
Sei que não vou dormir. Me faz alguma falta ter um amigo pra ligar desesperada de madrugada, mas eu não me desespero mais e nem sei se ainda tenho amigos insones como eu.
Quantos anos dura um engano?
Com quantas lágrimas se enche um rio que nos carregue pra bem longe?
Minha mãe sempre me alertou quanto ao tempo, eu nunca tive noção dele, conto o tempo pelos anos em que meu pai faleceu. Contava, agora nem isso.
O meu tempo é minha insanidade me contorcendo em tempo perdido.
Se fosse só o tempo...
Essa juventude que me distraí, me exaure sem matar, sem parar o coração, sem me ensinar nada que eu não erre de novo em poucos dias.
Na verdade eu só estou contrariando a mim mesma, correndo em círculos por não acreditar em mais nada. Por não querer mais nada. Por só sonhar com o que é morto.
Meu quarto está uma bagunça, tudo fora de seu lugar. A vida toda no mesmo rumo.
Idiotice minha deixar tudo ficar assim, não falo só do quarto, mas de todo o resto porque se alguém vai ter que arrumar tudo sou eu mesma e sozinha.
Não fujo de mais nada e não vejo nada no meu horizonte.
Eu tinha um gato, o Joaquim, que saudade que me dá.
Eu tenho andado muito só e já não tenho certeza do que digo, se sinto, se calo, se nego, se peco, se erro e se erro mais um pouco.
Não sei como cheguei nesse ponto.
Eu li em algum lugar que a felicidade exige tristeza.
E a tristeza exige o que?
Nossa vida toda? Em que parte vem a felicidade? Nunca vi.
Cansada de usar a droga da vida e ser usada como droga por ela.
Ambas não suportamos a badtrip.
O Abujamra acabou de citar uma frase: “O amor é a morte de qualquer alma...”.
E o que a gente faz sem a alma?



Alguém sabe me dizer quantos anos dura um engano?

domingo, setembro 13, 2009

a menina dos olhos da cor dos cabelos


"Todo meu pecado só consiste em ter
Tentado me encontrar em meio a teu semblante
Crendo que a vida é como um circo
Num surto de alegria prestes a se apresentar


Já não lembro o que fui antes de você
Sei, acreditava em verdades
Tudo era simplesmente verdade
Tudo era assim


O certo agora é o que eu não posso ver
Medir teu gesto sem vestir teus olhos
Correr meus pensamentos sem te interromper
Pinçar os meus caminhos sem te ter em foco


Eu quero, mas não quero
Estar no seu mundo
E ter aos meus pés incertezas
E minhas contradições


Eu busco um alento, um minuto
Que ainda não apareceu
Pela janela te vejo em detalhes à meia-luz
Eu desenho um poema ao tentar lembrar de ti
E o meu desejo é meu


Perdido em detalhes de cores e beijos
Pronto pra me arrepender
Por viver nesse minuto
Que eu queria o tempo inteiro"


(velhos e usados)