sábado, setembro 15, 2018

Poema novo sobre o que sobrou do antigo



Lembro dos nossos pés inquietos na calçada,
a fumaça dos nossos cigarros clandestinos,
nosso riso era desesperado e tinha o mesmo peso das nossas lágrimas.
A juventude fomenta o imaginário,
tínhamos todas as cores nos olhos,
as vestes negras de sapatos pesados,
se algo viria seria a revolução- acreditávamos.
Hoje vejo o envelhecer de rostos que na minha memória morrerão jovens,
noto que cada um se acabou em suas próprias batalhas,
que o veneno do suor da derrota deturpou a beleza de suas faces.
Quando no meu HD colecionava ilustrações de garotas tristes armadas,
muita canção de morte
mas que me caía como a vida.
Sempre fui poeta de versos longos
densos e cansativos como pensamento que não deixa dormir,
insônia sempre foi mato no deserto da minha inquietude.
Hoje já não fumo mais
(também não faço idéia do que será dos anos a mais que ganhei com isso)
não faço uso de computadores
e tenho ojeriza á armas.
Sinto medo,
asco,
mastigo as palavras pra definir o quadro político brasileiro.
Uma certeza: é extremamente urgente fazer poesia nos dias de hoje,
é totalmente dispensável aquilo que não for empático e humano,
está todo mundo sangrando,
se não puder estancar
não se alimente do sangue de outrem,
não meta o dedo em opressão que não te atinge.

(Amanda Cristina Carvalho)

sexta-feira, setembro 14, 2018

Poema novo sobre o que sobrou do antigo
Lembro dos nossos pés inquietos na calçada,
a fumaça dos nossos cigarros clandestinos,
nosso riso era desesperado e tinha o mesmo peso das nossas lágrimas.
A juventude fomenta o imaginário,
tínhamos todas as cores nos olhos,
as vestes negras de sapatos pesados,
se algo viria seria a revolução- acreditávamos.
Hoje vejo o envelhecer de rostos que na minha memória morrerão jovens,
noto que cada um se acabou em suas próprias batalhas,
que o veneno do suor da derrota deturpou a beleza de suas faces.
Quando no meu HD colecionava ilustrações de garotas tristes armadas,
muita canção de morte
mas que me caía como a vida.
Sempre fui poeta de versos longos
densos e cansativos como pensamento que não deixa dormir,
insônia sempre foi mato no deserto da minha inquietude.
Hoje já não fumo mais
(também não faço idéia do que será dos anos a mais que ganhei com isso)
não faço uso de computadores
e tenho ojeriza á armas.
Sinto medo,
asco,
mastigo as palavras pra definir o quadro político brasileiro.
Uma certeza: é extremamente urgente fazer poesia nos dias de hoje,
é totalmente dispensável aquilo que não for empático e humano,
está todo mundo sangrando,
se não puder estancar
não se alimente do sangue de outrem,
não meta o dedo em opressão que não te atinge.

(Amanda Cristina Carvalho)

quinta-feira, março 05, 2015

Inferno astral

Não, eu não sou como as outras garotas, eu não sou o padrão de mulher que vai agradar todo tipo de homem. E quero que se foda tudo isso. Ou gosta de mim e vê a beleza de um rosto que parece que acabou de acordar, de um cabelo que eu não sequei, da maquiagem que eu não passei, ou pode atravessar a rua, fingir que nunca me viu dormir...
Não, não há nada de errado em não ver necessidade em parecer artificialmente bela.
Não tenho tido vontade de levantar da cama, ou de tirar a ccabeça do vão entre a cama e a parede. Tenho duvidado das minhas virtudes e deturpado meu valor por não suportar estar sozinha. Por não conseguir morar com uma barata e não conseguir administrar o desespero do pavor de matá-lá. Por amar o que já existiu entre duas pessoas.
Não conto vantagens, não participo de nada, não quero, não tenho paciência e não vejo graça em nada. Não me vejo em nada. Nem mais naqueles olhos que me abrigavam.
No entanto, experimentar essa sensação de mulheres de mais idade só me reforça que eu ainda sou muito nova pra passar por isso. E que sim, eu ainda sou apaixonante...
Eu só consigo pensar na tristeza de ver como as relações humanas se estreitam e como nada sobra. Quando não se tem mais nada, nada mais se irá perder... Que seja. A porra da vida sempre continua. Toda filosofia se contradiz. E todo amor se acaba.
Sou cansativa pra caralho, eu sei.
Talvez deva desistir dessa cidade também, talvez deva aceitar ou me tornar fria como essa falta de afeto deseja.
Não adianta!
Você dá seu melhor, você acredita que pode ser você mesmo, se mostra sem disfarces e só se fode engolindo gelo e vendo nada disso mais importar.
Ai você entra no seu casulo, na caixa de fósforo que você tem que pagar pra morar, da luz que você nem usa, mas tem que quitar. Da pia que denuncia a louça que você não gosta de lavar
.
Pensa ter falhado nessa aventura do viver as próprias custas... Repete roupas velhas, vê o desgaste do seus sapatos e não tem dinheiro nem pra manter sua única vaidade que é seu cabelo. Aliás, você nem se lembra mais como é ter dinheiro, tampouco, o sabor de um longo beijo molhado de língua. Se alimenta de restos de afetos que alguma outra bem mais medíocre que você teve por inteiro.
E março preenche todas as suas lacunas com trevas e desgosto.
Sua vida é um filme de terror de quinta e já não sabes o que é real.
Alguma saudade da sua mãe e a saudade que você nem sabe mais mensurar do pai.

Uma babaca ingênua acreditando em sentimentos que não existem mais.

Só quero dormir. Nem mato o tempo, deixarei ele me matar.


Ação, reação.
Escolhas, conseqüências.

Quanto mais você se abre, mais querem te rasgar...


terça-feira, janeiro 27, 2015

sobre o amor e e seus "dias perfeitos"



Eu gosto do cabelo dele desde a primeira vez que vi. Descendo tem aqueles olhos grandes que sorriem junto com a boca que também me morde forte quando seus braços me prendem pra não escapar.
Gosto do cheiro único que fica no meu cabelo nas nossas noites mal dormidas por opção.
Gosto mais de mim quando estou com ele, gosto do gosto, do jeito que me conduz a um gostar mutante, intenso, agridoce, forte como essas linhas que se traçam... E não sei mais deixar de gostar e nem quero. Eu gosto assim. Dele em mim, assim, como sabes ser.

sexta-feira, janeiro 23, 2015

sobre a morte e outros drinks.


Se eu morresse nas próximas horas qual lembrança  minha ficaria viva  na sua relapsa memória de quem não sente? Pois não, não é a morte o que me aflige, não é o gelar das mãos e a tão sonhada pausa ao coração o que temo. A vida talvez seja mesmo o grande espetáculo de um teatro vazio. Saber chegar e saber sair é o que mostra se você tem talento pra existência... Nunca tive medo da morte. E sim de  tudo que finda sem ter acontecido. 
São as linhas que eu não escrevi, as frases que eu não disse, os lugares que eu não conheci, o amor que eu não evidenciei, os sonhos que eu não tive, a revolução que não veio, 
a boa impressão que eu não deixei; que de tanto fingir a pressa e pela impaciência em me explicar, vão me deixar eternizada e injustamente mal interpretada...