quinta-feira, agosto 27, 2009

"your ex-lover is dead"


Diversas vezes, no quarto de livros tranqüilo da minha mente, eu fico divagando sobre a minha tumultuada espiritualidade.
Nessa noite de cara limpa eu consigo respirar como há meses não respirava. Sinto só o vento, e ele me dá o frio que eu preciso pra me curar desse estado febril de um corpo cansado, de marcas tão desgraçadamente significativas quanto se tivesse um verso de Bandeira tatuado nas costas.
“Quando a cabeça não pensa o corpo paga o pecado”?
Que nada, isso é rima de música sertaneja...
O corpo não paga pelos pecados. A cabeça que paga caro, acumula juros em desvario.
Mas nessa noite eu consigo ver a sorte que eu ainda tenho.
Consigo pular corda na minha imaginação que não está focada em nada. Que não se importa com mais nada que eu já tenha imaginado.
Imaginemos o horizonte tão somente. Consegue?
Fechar os olhos sem exigir nada dos sonhos.
Abrir o zíper sem imaginar o som os dedos estalando...
Fechar a cara e não usar do humour com tramas clichês.

Eu não uso verbos como o “ser”. Um palavrão na hora certa me liberta.
A minha violência é quase laica.
Eu é que insisto em arreganhar muito os olhos pra ver o que não existe.

Agora basta.

segunda-feira, agosto 17, 2009

NADA MAIS VAI ME FERIR...

Hoje eu sei que boa parte dos meus sonhos nunca seriam reais, ainda bem que os reciclei antes do fim... Do fim da minha juventude, dos meus dias fortes, ainda que melancólicos.
Nunca fiz maldade gratuita, nunca ousei machucar ninguém por vontade, por vingança.
Não acredito em vingança e minha arrogância não tem qualquer ligação com violência.
Ainda não consegui nada de meu, sinto um desconforto imenso nesses meus dias. É tanta solidão e eu gosto dela, por isso não vou sair daqui pra ser machucada.
Ontem sentei na praça e fiquei vendo as crianças brincando, lembrei de quando meu pai me levava pra brincar naquela mesma praça.
Meu pai me faz muita falta, ter um homem por mim me faz muita falta, e nem é daquelas faltas que eu comento, é daquelas faltas que eu sinto.
Eu não vou mais insistir, e pela primeira vez eu estou falando sério, não vai mais ter filho da puta nenhum pra me dizer que eu sou aquilo que eu não sou.
Se essa merda toda é culpa minha, não será mais. Grandes histórias exigem longos fins, eu não sabia. Não sabia de muita coisa, que agora eu sei, e que nem queria ter ficado sabendo.
To juntando os MEUS pedaços, porque eles são apenas meus.
Morre uma, nasce qualquer coisa que se sabe digna e sincera. Sempre sincera.

quarta-feira, agosto 05, 2009

I know it's over...


Minha cabeça dói há quatro dias sem dar trégua.
Não há consolo pra quem foi traído, pra quem se envergonhou da existência e sentiu o gosto podre da humilhação descer garganta a baixo.
Te desejar o mal? Como se fosse possível.
Se ao menos eu fosse capaz de desejar alguma coisa, desejaria um pouco de orgulho e perseverança pra não cair mais em ardis que meu coração cria e a sua maldade gerencia. Ou desejaria que alguma espécie de raio caísse sobre a sua cabeça, mudasse você por completo e te transformasse numa pessoa melhor, menos vil, menos mentirosa e que voltasse pra me buscar...
O que mais dois é a seqüência dos fatos, as palavras que saem com um esplendor que tornam o mal exato em sua intenção.
O que mais dói é ver que o amor da gente não implica em nada nas coisas ruins que vão nos acontecer.

São tantas coisas que doem e o problema não é nem a dor em si, viver em dor é hábito antigo, eu sou forte e nem tomo analgésicos, o problema é ver a vida como ficou, o desfecho da história, ver que o amor só existia em mim e que se alguém ainda vai lembrar e enlouquecer sou eu, essa história era a minha.

(Sou inconstante, inconseqüente, costumo dizer que estou no mundo a passeio, não sei porquê eu vivo assim e encaro as coisas assim, eu sou resistente, coração aberto que rejuvenesce a cada dia ao invés de envelhecer, sou sem muita noção de dignidade e de sentimentos imensuráveis. Nunca ouvi a razão e aproveitei a emoção como um especialista. Ninguém nunca ditou meu tempo e meus verbos. Não me arrependo de nada).

Agora o que mais falta acontecer? Onde mais vou cair de boca no chão e ver você gritar comigo por ter perdido o equilíbrio sendo que foi você quem me empurrou?

Não vai acontecer mais nada até eu ressurgir dessa poeira que ficou dos meus sentidos, da minha alegria. Eu fechei o portão do meu mundo pra você, e confesso que estou com os dedos presos, eu grito de dor, mas aqui do outro lado, porque você não precisa e nem quero que me ouça mais. Talvez ampute o braço e consiga enfim as minhas asas.
Tenho que manter o portão fechado e esperar a mágoa passar, dissolvendo assim todo o meu amor vilipendiado pela sua estupidez.

Nada me consola mais.