segunda-feira, julho 30, 2007

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"Quando vejos certos moços, suspiro meus tristes ais. Fui eu que nasci tão cedo ou eles tarde demais?"


(Cora Coralina)

domingo, julho 29, 2007

"paixão é igual fumaça, sufoca, mas não mata" ahuahauhauha


Eu não sei bem o que aconteceu, olhos desgraçadamente belos que pouco me olharam.
Vida estrategicamente intensa, pra que a face se fizesse quente e alguma coisa pudesse o agradar.
É que de repente eu perco a vontade de encantar, porque eu não sou de encanto, sou de verdade, louca, solta e tola.
E tão perdidamente fascinada. E cheia de poses pra tudo, e tão espontânea na minha loucura.
Eram tantos olhos, tantas impressões e fatalmente eu só me preocupava com uma.
Eu sempre dedico alguma exclusividade, e ela é sempre do olhar mais suntuoso, mais dócil e mais distante.
Tolices minhas, coisas de dias frios, abraços quentes e minha imaginação a flutuar...
Até que gosto de ficar assim levemente decepcionada e comicamente fascinada!





Amanhã acordo sozinha, com os lábios rachados pela madrugada fria, sem gosto de beijos e a cantarolar alguma canção do Cartola.



(Só Cartola pra salvar minhas manhãs de domingo)















"Chora, disfarça e chora



Aproveita a voz do lamento



Que já vem a aurora



A pessoa que tanto queria



Antes mesmo de raiar o dia



Deixou o ensaio por outra



Oh! triste senhora



Disfarça e chora



Todo o pranto tem hora



E eu vejo seu pranto cair



No momento mais certo



Olhar, gostar só de longe



Não faz ninguém chegar perto



E o seu pranto oh!



Triste senhora



Vai molhar o deserto



Disfarça e chora"









;)

segunda-feira, julho 23, 2007

(eu não ando bem da cabeça)


Parece que minha garganta vai começar a doer, está estranha (ou será só um nó na garganta?), amanheceu chovendo muito.
Passei à tarde com a chuva me pondo medo, ameaçando aumentar, algumas trovoadas.
Desde ontem que me fragilizei assim.
Exposta.
Com medo.
Fugindo.
Tem dias que não faço questão de mais nada, tem dias que tanto faz se os meus amigos estão distantes, se o mundo é feito de ostentação... Tem dias que eu desisto de tudo (dela, dele, de mim, de você, de nós, do universo).
Tem dias que dá pra ver a distância que existe entre eu e a vida que eu queria pra mim.
Sinto saudades duma alegria, sinto falta de estar contente, de sorrir em paz.
Tem dias que não há ninguém, e tem dias que nem falta eu sinto mais.
Ontem à noite quando cheguei, estava muito quente, minha cabeça doía, minha alma se contorcia em agonia, pra que eu nunca mais deixasse que a vissem.
Eu devo isso a ela.
Vou ficar aqui e esperar tudo passar.
Para amanhecer novos dias, em que eu não precise mais desses seres estranhos (velhos & sujos) pra me contradizer, pra sentir pena e desejar me comer.
Porque eu posso ser um pouco ingênua e amedrontada, mas eu sei bem o que querem quando olham pra mim.
Não entendo a raiva, tampouco a mágoa e essa irritação, não quero entender, quero esquecer, quero que passe esse tormento antigo, com nova face, novos versos, e a mesma mentira...
Pro inferno!
Eu sei que não podia me matar, acabaria me deixando viva, agonizando por odiar ainda mais o que me move.

sábado, julho 21, 2007

certas vidas não saem do rascunho....


"Eu só enjôo quando olho o mar, me disse a comissária do sea-jet.Estou partindo com suspiro de alivio. A paixão, Reinaldo, é uma fera que hiberna precariamente.Esquece a paixão, meu bem; nesses campos ingleses, nesse lago com patos, atrás das altas vidraças de onde leio os metafísicos, meu bem.Não queira nada que perturbe este lago agora, bem.Não pega mais o meu corpo; não pega mais o seu Corpo.Não pega.Domingo à beira-mar com Mick. O desejo é uma pontada de tarde. Brincar cinco minutos a mãe que cuida para não acordar meu filho adormecido. And then it was over. Viajo num minibus pelo campo inglês. Muitas horas viajando, olhando, quieta.
Fico quieta.Não escrevo mais. Estou desenhando numa vila que não me pertence.Nao penso na partida. Meus garranchos são hoje e se acabaram."Como todo mundo, comecei a fotografar as pessoas à minha volta, nas cadeiras de varanda."Perdi um trem. Não consigo contar a história completa. Você mandou perguntar detalhes (eu ainda acho que a pergunta era daquelas cansadas de fim de noite, era eu que estava longe) mas não falo, não porque a minha boca esteja dura. Nem a ironia nem o fogo cruzado.
Tenho medo de perder este silêncio.Vamos sair? Vamos andar no jardim? Por que você me trouxe aqui para dentro deste quarto?Quando você morrer os caderninhos vão todos para a vitrine da exposição póstuma. Relíquias.Ele me diz com o ar um pouco mimado que a arte é aquilo que ajuda a escapar da inércia.Outra vez os olhos.Os dele produzem uma indiferença quando ele me conta o que é a arte.Estou te dizendo isso há oito dias. Aprendo a focar em pleno parque. Imagino a onipotência dos fotógrafos escrutinando por trás do visor, invisíveis como Deus. Eu não sei focar ali no jardim, sobre a linha do seu rosto, mesmo que seja por displicência estudada, a mulher difícil que não se abandona para trás, para trás, palavras escapando, sem nada que volte e retoque e complete.Explico mais ainda: falar não me tira da pauta; vou passar a desenhar; para sair da pauta."

(Ana Cristina Cruz César)

quinta-feira, julho 19, 2007

tem jeito não...


" Todos os dias, todos os olhares, e todas as vezes que respiro, e todas as voltas que dou por aí, ou números, ou classes, ou lugares, ou ruas, ou pensamentos, ou sonhos, ou pesadelos, ou nomes, ou danças, pessoas, todas as músicas, ou olhos, ou roupas, ou revistas, ou a cada merda de segundo. TODOS meus GRITOS. É sempre você.."


(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, julho 06, 2007

“Talvez eu passe um tempo longe da cidade, quem sabe eu volte cedo ou eu não volte mais!”


Acordei cedo hoje.
Dormi um pouco alterada ontem.
Tequilas, cervejas, novos amigos, música ruim e eu com um bom humor digno de quem cortou o cabelo e acertou no corte!
Meu irmão sempre me disse para dar espaço às pessoas que não se parecem comigo.
E definitivamente, às vezes é muito bom não falar de coisas sérias, não ouvir músicas tristes e “complexas”...
A vida parece mais real quando se perde uma série de conceitos bobos, parece que o mundo te sorri, mesmo de longe.
Eu tenho visto a vida com certa bondade dos últimos dias e penso mesmo que as pessoas são sempre os melhores lugares.
Deixo esta cidade amanhã de manhã, vou lá para a terra do meu pai, respirar aquele ar que é tão ímpar, sorrir para aqueles olhos que são tão meus...
Estou buscando vida até onde não tem, e as palavras são só palavras perto de tanta coisa que podemos ver.
Não quero mais essa melancolia que limita os olhos e que só faz repetir as palavras.
Não há nada de tão errado assim que não possa me mobilizar para um sorriso.
“Quando não se tem nada, não há nada a se perder”, já dizia o Dylan.
Essa pretensão maluca que nos faz ser tristes e nos faz heróis de nós mesmos, que não se negam jamais!
Ah!
“Alma, alma.”- existe alma sim, porra!
Talvez eu me contradiga ainda mais, e talvez a graça de tudo seja essa.
Esse segmento de contradições, porém sempre com classe, sempre mantendo a pose de quem sabe tudo do mundo (“maldita petulância!”, já dizia mamãe).
Enfim, vou lá para o meu lugar, andar de trem, sorrir no mesmo ritmo do doce olhar do meu tio, tirar fotos de tudo!
Não sei quando volto, mas eu devo voltar...

segunda-feira, julho 02, 2007

e era sincera, toda essa pose de mulher austera?

Odeio essas noites que não se decidem quanto ao clima.
Gosto de muito frio, gosto de extremos.
O semestre acabou na labuta intelectual de estudar História.
Sinto-me perdida, como se tivesse perdido muita coisa, sinto como se minha faculdade fosse uma merda, e que está me privando de muitas coisas.
Por outro lado, penso também se eu agüentaria mais, não estou reclamando, mas meu curso é foda, e muitas vezes durante o semestre eu me perguntei se ia agüentar, se era mesmo isso que eu queria.
Minha professora de “introdução ao estudo da história” me deu o mapa dos caminhos ao inferno e ao céu.
E eu não sei se é esse o processo, mas eu mudei muito desde que comecei este curso, li muita coisa que me fez mudar de idéia, e mudar de idéia é muito desconfortável, muito mais para seres petulantes como eu.
Uma grande amiga minha me disse que esse curso me faz mal.
Eu não sei, porque eu tento ver a perda da ingenuidade não como uma maldade, mas sim como uma luz.
Luz que eu precisava; parar de se importar com tudo. Parar de sinalizar a vida com os olhos...
Talvez seja isso que a incomode tanto, meus olhos não sinalizam mais nada...
E por falar em amigos...
Eu nunca passei tanto tempo sem os meus...
Angustia-me muito, algumas vezes em que não encontro nenhum deles para contar coisas bobas (“o mundo é pequeno sem ter com quem dividir as coisas banais”); dói um bocado notar que sei tão pouco deles e eles tão pouco de mim. Alguns recados fragmentados nessa porra fria de internet, “eu te amo” a gente sempre diz, e ignora que há tempos não cultua esse amor.
Disseram-me certa vez que é pra isso que servem os namorados: para ocupar o lugar dos amigos quando estes já não podem estar ao seu lado.
Mas sei lá, eu não trocaria ninguém pelos meus amigos, eles são tão singulares e ímpares para mim...
Eu sinto que ninguém mais faz questão de ninguém no mundo atualmente.
Pra mim isso tudo é ainda muito estranho, pois saudade pra mim é assunto sério e eu não sei ficar muito tempo longe daqueles que eu amo.
Por falar em saudade, amor, tempo... Esses dias me peguei chorando ao ler uma antiga carta daquele que sabia mais de mim que eu mesma.
É curioso que ele me repreendia por uma to meu que hoje eu trato com tanta naturalidade e quase beira o vício (se é que já não é um).
Bobagem achar que se pode melhorar as pessoas com palavras bonitas...
Se fosse assim eu seria outra pessoa, por tanta coisa que já li...
O que podemos fazer pelas outras pessoas é estarmos presente, é olhar, é mandar pro inferno, gritar...
As pessoas são movidas à euforia, à reações humanas de desespero, de cólera, de loucos atos de amor...
Se tudo fica entre versos, entre as palavras, parece que perde a vida, parece que não existiu.
Eu gosto muito das coisas escritas, de fato, porém eu não sei lidar com a ausência que essas palavras escritas carregam.
Sei muito pouco daquilo que quero, mas sei muito bem das coisas que eu não quero.
Não sei bem o que estou tentando fazer, oscilo entre a euforia e a mais crua das tristezas...
E depois de alguns meses a vida me tem sido justa.
Meu ponto fraco está aguçado: a beleza.
Nada me deixa mais transtornada do que a beleza, porém acho que está tudo sobre controle, que eu vou saber me virar...
Meu encanto também mudou... E nada se perde, tudo se transforma.

Por Amanda na madrugada de dois julho.