terça-feira, outubro 03, 2006

Melodrama

Porque sobre meus olhos pesa essa resignação de te amar e desejar ver-te cada dia mais longe, cada dia mais meu; mesmo entre ruas longínquas; encostado em muros onde eu nunca escrevera meu nome, onde meus insetos nunca tentaram abrigo.
Por tanto tempo eu quis uma espécie de dádiva, de vento que dissesse alguma coisa doce, sempre sondando o medo que não foi meu; para tentar me manter aqui dentro do quarto, fazendo cortes e desenhando na minha alma que desonrada resolveu voltar pra mim.
É tão miserável essa condição de se comprimir num sorriso, de guardar o passado entre os dentes amarelos.
E essa nostalgia de borboleta, como de quem vive vinte e quatro horas e precisa abandonar as lembranças e dizer que era mesmo vida que escorria de seus olhos, quando não era.
Mas agora eu tenho uma nova miséria que aparece quando eu sinto o sangue descer a garganta, quando blasfemo da minha sorte e te vejo passar.
Por Amanda Cristina Carvalho em alguma noite de agosto de 2006.

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