sábado, agosto 12, 2006

Dos três mal amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita,
o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas,
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos,
o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso,
a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra,
meu dia e minha noite,
meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

(Lirinha)

3 comentários:

Anônimo disse...

...a matadeira vem chegando..........




fique bem1



beijoooo



=D

Fabiano Roberto disse...

o amor realmente muda tudo na nossa vida, por onde ele passa nada fica como antes.

Anônimo disse...

essa poesia não é do Lirinha.

Lirinha é o intérprete.

A poesia é do altíssimo João Cabral de Melo Neto, e consta do livro "museu de tudo e depois", que pode ser adiquirido nos sebos mais porcos.