terça-feira, abril 18, 2006

Idiossincrasia



Dos pés nus na terra,
trago a lembrança forânea,
comprou as vestes e despediu-se do vilarejo.
Tantos traços semelhantes aos meus nessa cidade perdida de mim,
negociações entre as horas,
pra quem sabe um dia ver o dia chegar.
Todas as bestas híspidas esperando o luar,
por tantas palavras solenes e fétidas,
por tantos tropeços na estrada aberta.
Corada a sua face,
minha existência neste retrogrado tempo se cumpre,
as poucas vidas que você engrandece,
é sua dádiva agora.
Dor de dia de chuva,
molhada a alma cega (atada por pássaros mortos),
seu sorriso: avantesma dos meus mais execráveis sonhos,
nós já podemos abrir as cartas,
e esquecer da razão que nos molesta,
esquecer essa pose de herói que nos molestou.
A fonte de versos alterados,
a porta sem trinco que guarda seu sol sem sombra,
o mesmo velho na praça que encontrou seus sentidos por fim,
seu medo curioso das cores mais suntuosas,
tudo está escrito numa história que é a sua,
e na falta de papeis em branco como você ordenou (inconstância de anjo que cresce),
minha derme agora trás as frases soltas do seu destino pássaro azul.
Aberto meu peito:
estas escrito em mim,
se faz possível entender seus versos por desfecho.
Sou por excelência ultrapassada,
e por tanto esperar a perfeição de palavras que nutriam meus passos,
tornei-me austera e ganhei o silêncio de um dicionário (corpo fechado).

Amanda Cristina Carvalho
12/2/06

2 comentários:

Anônimo disse...

Você escreve muito bem, consegue traduzir as mais complicadas emoções...
beijo imenso

Anônimo disse...

perfeito.

sem palavras.

ou melhor...

palavras maravilhosamente bem colocadas.

=]

lindo lindo lindo.